O ministro da Fazenda, Fernando Haddad anunciou nesta quinta-feira (31), em Brasília, que o Governo Federal está finalizando um conjunto de medidas emergenciais para mitigar os efeitos do novo pacote tarifário imposto pelos Estados Unidos. As ações visam proteger empregos e apoiar os setores industrial e agrícola, que podem ser impactados pelas sanções comerciais.
Segundo o ministro, o plano de contingência estava em elaboração desde os primeiros sinais de que a gestão de Donald Trump adotaria medidas unilaterais contra o Brasil. Com a publicação oficial do decreto norte-americano, o governo brasileiro agora trabalha na calibragem das medidas para adequá-las à nova realidade do comércio exterior entre os dois países.
“Agora nós vamos calibrar, à luz do que foi anunciado ontem, para que aconteça o mais rápido possível”, afirmou Haddad.
As medidas estão sendo finalizadas no Ministério da Fazenda e, após ajustes, serão encaminhadas à Casa Civil. A expectativa é de que o pacote seja anunciado nos próximos dias.
Setores industriais e do agro serão contemplados
O pacote emergencial contemplará diversos setores econômicos, com foco em preservar a competitividade da indústria nacional e reduzir o impacto sobre as exportações do agronegócio.
Questionado por jornalistas, Haddad destacou que o critério de distribuição dos auxílios não será baseado no peso econômico dos setores atingidos, mas no grau de impacto das tarifas.
“Estamos analisando pelo efeito em cada segmento, não pelo tamanho. A cada um segundo a sua necessidade”, declarou o ministro.
Trump impôs tarifas, mas recuou parcialmente
Ainda nesta quarta-feira (30), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, oficializou a aplicação de tarifas a uma série de produtos importados, afetando diversos países, incluindo o Brasil. Embora cerca de 700 produtos brasileiros tenham sido poupados do aumento tarifário, o governo brasileiro avalia que as sanções ainda representam risco para a estabilidade econômica de setores estratégicos.
A retaliação comercial veio após declarações públicas de Trump criticando o processo judicial envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente investigado no Supremo Tribunal Federal (STF). A alegação norte-americana relaciona a perda de confiança institucional no Brasil a possíveis violações de direitos e garantias fundamentais.
Brasil articula resposta diplomática e técnica
Em resposta, o governo brasileiro intensificou as articulações diplomáticas para reverter ou mitigar os efeitos das medidas. Segundo Haddad, os Ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços já atuam junto a autoridades norte-americanas para esclarecer o funcionamento do sistema judiciário brasileiro e reafirmar os compromissos do país com os tratados internacionais.
“Vamos recorrer dessas decisões no sentido de sensibilizar o governo dos Estados Unidos. Isso não interessa, não apenas ao Brasil, mas à América do Sul”, afirmou o ministro, defendendo uma maior integração econômica continental com o mercado norte-americano.
A estratégia brasileira inclui a argumentação de que o Brasil é signatário de todas as principais convenções internacionais de direitos humanos e que eventuais divergências deveriam ser discutidas em fóruns multilaterais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), e não por meio de sanções unilaterais.
Próxima fase das negociações será mais técnica
Haddad classificou o atual momento como uma oportunidade para retomar o diálogo com os Estados Unidos em termos mais racionais e institucionais. A expectativa do governo é que, com a mediação diplomática, as negociações avancem de forma “mais sóbria, menos apaixonada”.
“Vai exigir muita negociação. Mas, se o bom senso prevalecer, chegaremos do outro lado são e salvos”, afirmou.
Apesar de reconhecer que o pacote anunciado por Trump foi menos severo do que o inicialmente cogitado, o ministro da Fazenda insistiu que nenhuma sanção deveria ter sido adotada. Para ele, o decreto é um ponto de partida para negociações, e não o encerramento do conflito comercial.
Monitoramento contínuo e diálogo permanente
O Governo Federal manterá diálogo com o setor produtivo para acompanhar os impactos reais das sanções e ajustar, se necessário, as políticas de resposta. Representantes da indústria e do agronegócio já foram acionados para colaborar com diagnósticos e propostas.
Nos próximos dias, o Executivo deve divulgar os detalhes do pacote de proteção e iniciar uma nova rodada de reuniões com lideranças empresariais, congressistas e organismos multilaterais.
Com informações da Agência Gov