O Banco Central (BC) anunciou que irá divulgar, ainda em setembro de 2025, as regras de padronização do Pix parcelado. A modalidade já está disponível em aplicativos de algumas instituições financeiras, mas ainda não conta com regulamentação nacional que defina parâmetros de funcionamento. O objetivo da medida é garantir maior transparência e segurança tanto para consumidores quanto para lojistas.
O anúncio sobre a regulamentação foi feito em junho pelo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, durante palestra na Febraban Tech 2025, evento promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em São Paulo.
Na ocasião, Galípolo afirmou que o Pix parcelado deverá estimular o uso do sistema no varejo, especialmente em compras de maior valor.
“Isso [Pix parcelado] vai estimular o uso do PIX no varejo para compras de bens e serviços e, especialmente, aquelas que têm valor mais elevado que demandam esse tipo de parcelamento”, afirmou o presidente do BC.
O dirigente também destacou que a modalidade poderá beneficiar diretamente cerca de 60 milhões de pessoas que atualmente não possuem acesso a um cartão de crédito.
“Vai ser uma outra inovação muito importante, que também vai afetar essas 60 milhões de pessoas que hoje não têm acesso a um cartão de crédito e vão poder parcelar o seu pagamento. Mas as pessoas que têm vão ter uma outra alternativa em um arranjo diferente”, acrescentou Galípolo.
Segundo ele, o Pix parcelado representa uma “grande inovação” por permitir o parcelamento de uma transação de forma instantânea, com a liberação imediata do valor ao vendedor.
“A intenção nunca é vetar qualquer tipo de alternativa que vocês têm hoje, sejam vocês empresas, a instituição financeira ou cidadão que está utilizando aquele serviço. E, sim, consigam apresentar alternativas que se apresentem competitivas e deixem que o desejo do consumidor, o desejo do cliente, a experiência do cliente determine qual é uma alternativa mais interessante, mais competitiva”, disse.
Pix parcelado
O Pix parcelado funciona de maneira semelhante a um empréstimo pessoal. Quando o cliente abre o aplicativo de seu banco para realizar um pagamento via Pix, pode encontrar a opção de parcelamento entre as alternativas oferecidas pela instituição financeira.
Nesse momento, o banco apresenta as condições: número de parcelas, taxa de juros e demais custos da operação. Se a opção for escolhida, o valor total é transferido de forma imediata ao destinatário, enquanto as parcelas são debitadas da conta do cliente mensalmente.
Os limites de crédito e os juros aplicados variam de acordo com a análise individual realizada por cada instituição, levando em consideração critérios como renda, perfil de consumo e histórico de inadimplência.
De forma geral, os bancos estabelecem um limite global de crédito para cada cliente. Esse limite é distribuído entre diferentes modalidades de produtos, como cartão de crédito, Crédito Direto ao Consumidor (CDC) e cheque especial.
Assim, ao optar pelo uso do Pix parcelado, o correntista pode ter uma redução proporcional em outros limites de crédito. Em alguns casos, o cliente pode escolher em qual produto prefere concentrar maior parte do limite, priorizando, por exemplo, cartão de crédito ou empréstimo pessoal.
Esse modelo busca oferecer flexibilidade ao consumidor, mas também exige atenção, já que o uso do Pix parcelado impacta diretamente na disponibilidade de crédito em outras modalidades.
Regras que ainda serão definidas pelo Banco Central
Embora o Pix parcelado já esteja em operação em alguns bancos, ainda faltam definições importantes que caberão ao Banco Central. Entre os pontos a serem padronizados está a forma como as parcelas contratadas aparecerão no aplicativo.
A intenção é criar uma área específica nos apps para exibir todas as prestações pendentes, permitindo ao cliente acompanhar de maneira clara seu nível de endividamento. A medida é considerada essencial para aumentar a transparência e evitar confusão na gestão financeira.
A regulamentação prevista para setembro deverá detalhar esses procedimentos, estabelecendo padrões obrigatórios para todas as instituições participantes.
Impacto para consumidores e lojistas
Com a regulamentação, espera-se que o Pix parcelado se consolide como uma alternativa ao cartão de crédito em operações de maior valor. Para os consumidores, a vantagem está na possibilidade de parcelar compras sem depender de limite no cartão. Para os lojistas, o benefício é receber o pagamento integral de forma imediata, reduzindo riscos de inadimplência.
Além disso, a padronização deve trazer mais clareza sobre taxas e condições, fortalecendo a confiança no uso da ferramenta. A expectativa é que o Pix parcelado contribua para ampliar a inclusão financeira no país, atendendo especialmente a milhões de brasileiros que ainda não têm acesso ao crédito tradicional.
Com informações do UOL