O Brasil registrou 20,4 mil processos judiciais relacionados a trabalho escravo entre 2015 e 2025, média de 1,8 mil por ano, ou cerca de cinco casos diários. A maior parte (96,5%) refere-se a trabalho análogo à escravidão, enquanto 3,54% envolve jornada exaustiva, segundo levantamento exclusivo da Predictus, empresa especializada em informações processuais, com base em registros do Judiciário e órgãos governamentais.
O estudo aponta que grandes empresas respondem por quase metade dos processos (47,92%). A análise por grupos econômicos revela que companhias bilionárias figuram como alvo em quase 20% das ações judiciais.
A construção civil lidera o ranking de setores com maior número de casos. Em seguida aparecem transporte rodoviário, restaurantes e similares, serviços de escritório e vigilância e segurança.
O epicentro das ações judiciais é o estado de São Paulo, com 50,88% dos casos na década. Por região, o Sudeste concentra 61,21% dos processos, seguido pelo Centro-Oeste (13,56%), Sul (11,11%), Nordeste (10,29%) e Norte (3,83%).
Quanto ao desfecho das ações, a maior parte terminou em acordos (49,48%). A procedência parcial foi registrada em 27,95% dos casos, a improcedência em 15,08% e a procedência total em 7,50%.
Contexto e relevância
O levantamento da Predictus reforça a necessidade de atenção das empresas ao cumprimento das normas trabalhistas, especialmente em setores historicamente mais vulneráveis ao trabalho análogo à escravidão. A concentração de ações em grandes grupos econômicos evidencia riscos jurídicos e reputacionais significativos, destacando a importância de programas de compliance e auditoria contínua.