O novo primeiro-ministro francês, Sébastien Lecornu, avalia a inclusão de uma taxação sobre super-ricos em seu plano orçamentário para 2026, em meio a pressões por “justiça fiscal” e mobilizações populares. A medida, idealizada pelo economista Gabriel Zucman, prevê tributar em 2% fortunas acima de 100 milhões de euros, atingindo apenas 0,01% dos contribuintes, e poderia gerar 20 bilhões de euros por ano, auxiliando o governo a reduzir o déficit e a dívida pública.
Lecornu busca apoio da oposição socialista para garantir maioria estável no Parlamento, após seus dois antecessores terem sofrido derrotas políticas. A intenção é incluir a taxação de super-ricos no debate orçamentário de 2026, mostrando disposição para avançar em medidas de justiça fiscal sem comprometer alianças centrais de seu governo.
A chamada “taxa Zucman” propõe tributar 2% ao ano de fortunas superiores a 100 milhões de euros (aproximadamente R$ 626 milhões), impactando apenas 0,01% dos contribuintes franceses. De acordo com Zucman, a iniciativa poderia gerar 20 bilhões de euros anuais (cerca de R$ 125 bilhões), valor significativo diante de um déficit projetado de 5,8% do PIB e dívida pública de 114% em 2024.
Exigências por justiça fiscal marcaram os protestos de 10 de setembro e a greve convocada para 18 de setembro. Autoridades estimam 400 mil manifestantes, o dobro do evento anterior. Pesquisa Ifop indica que 86% dos franceses apoiam a taxa Zucman e 79% defendem a redução de subsídios a grandes empresas, reforçando a pressão social sobre o governo.
Rejeição patronal e política
Apesar da abertura para reformas, Lecornu e seus aliados de direita rejeitam a implementação da taxa Zucman, enquanto a extrema direita também se opõe. A federação patronal Medef ameaça mobilização caso a medida avance, qualificando-a como “forma de expropriação”, cenário inédito desde 2017, quando Macron reduziu impostos de grandes fortunas em prol da competitividade econômica.
A taxa Zucman visa reduzir desigualdades, mas encontra resistência entre empresários e setores do governo. Subsídios públicos às grandes empresas somaram pelo menos 211 bilhões de euros (aprox. R$ 1,32 trilhão) em 2023, segundo dados do Senado francês. A proposta gera debate sobre equilíbrio entre justiça fiscal e estímulo econômico.
A discussão sobre a inclusão da taxa Zucman e demais medidas no orçamento de 2026 segue nas próximas semanas, com negociações políticas entre Lecornu, oposição e grupos empresariais, sob intensa pressão social. O desfecho determinará se o governo consegue conciliar medidas de justiça fiscal com estabilidade política e econômica.
Com informações do France Presse