O Brasil está entre os países com menor disponibilidade de infraestrutura de computação em nuvem voltada à inteligência artificial (IA), segundo relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O estudo, intitulado “Medindo a disponibilidade doméstica de computação em nuvem pública para inteligência artificial”, analisou a distribuição global de data centers equipados com chips de alto desempenho (GPUs), fundamentais para o treinamento e a operação de sistemas avançados de IA.
Brasil tem apenas uma região com suporte a IA
De acordo com a OCDE, o Brasil possui cinco regiões de nuvem pública, mas apenas uma com suporte a aceleradores de IA, o que coloca o país no grupo classificado como de “computação em nuvem pública inexistente ou insuficiente para IA” — a categoria mais baixa da avaliação.
O levantamento mapeou 187 regiões de nuvem pública em 39 economias, das quais apenas 30 possuem infraestrutura com aceleradores dedicados à IA. Essas estruturas são essenciais para o funcionamento de modelos de linguagem generativa e de aplicações baseadas em aprendizado profundo.
EUA e China concentram metade da infraestrutura global
Segundo o relatório, Estados Unidos e China concentram quase metade de toda a infraestrutura global de nuvem com capacidade para IA, somando 49 das 101 regiões localizadas em países membros da OCDE.
Entre os países desenvolvidos, Estados Unidos, Alemanha, França, Japão e Reino Unido lideram o ranking, com infraestrutura apta tanto para o treinamento quanto para a inferência de modelos — as duas etapas principais do processamento inteligente de dados.
No grupo intermediário, que inclui nações com capacidade apenas para inferência, aparecem Chile, México, Suíça e Turquia. Já o Brasil e outros países convidados a integrar a OCDE figuram entre os que não possuem infraestrutura relevante de nuvem pública dedicada à inteligência artificial.
Dependência de infraestrutura externa pode limitar autonomia
A OCDE ressalta que a ausência de infraestrutura doméstica não representa, necessariamente, falha na estratégia digital de um país. Em diversos casos, governos optam por utilizar recursos remotos de computação, por meio de parcerias internacionais com provedores de nuvem ou supercomputadores regionais.
Entretanto, a organização alerta que a dependência de infraestrutura externa pode comprometer a autonomia tecnológica, a segurança de dados sensíveis e o desenvolvimento local de pesquisa e inovação.
Infraestrutura local é estratégica para economia digital
O relatório reforça que a infraestrutura física de data centers continua sendo essencial mesmo em um ambiente de computação em nuvem remota. Além de reduzir a latência — fator determinante em aplicações industriais, financeiras e de tempo real —, a presença de data centers locais contribui para atrair investimentos, gerar empregos qualificados e fortalecer o ecossistema de inovação em IA.
A OCDE aponta que países com maior densidade de infraestrutura digital tendem a apresentar crescimento mais acelerado em setores de alta tecnologia, com impacto direto na competitividade econômica.
Relatório integra índice global de inteligência artificial
O estudo faz parte do processo de formulação do OECD.AI Observatory Index, índice que irá medir o desempenho dos países em políticas de inteligência artificial.
O indicador considerará dimensões como infraestrutura tecnológica, regulamentação, formação de talentos e investimentos público e privado.
Segundo a OCDE, este levantamento representa o “primeiro passo” na construção de um panorama internacional sobre o acesso à computação de alto desempenho. As próximas edições devem incluir dados mais detalhados sobre capacidade de chips, eficiência energética e governança da infraestrutura de IA.
Desafio brasileiro: expandir a infraestrutura digital
Com o avanço global da IA generativa e a disputa mundial por GPUs de última geração, o diagnóstico da OCDE evidencia o desafio do Brasil em expandir sua infraestrutura tecnológica e estimular políticas públicas voltadas à inovação digital.
A baixa presença de data centers com capacidade para IA limita a autonomia nacional em pesquisa e desenvolvimento, restringindo a participação do país na nova economia da inteligência artificial.

				  
				  
				  
				 
															











