O ano de 2026 será decisivo para a classe contábil. Com o início da fase de transição da reforma tributária, os profissionais precisarão adaptar sistemas, revisar processos e aprofundar o entendimento sobre os novos tributos — o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS).
A fase inicial servirá como um período de testes operacionais, preparando empresas e contadores para a implementação definitiva do modelo de IVA Dual nos anos seguintes.
Início da implementação do IVA Dual
A implementação do IVA Dual — composto pela CBS, de competência federal, e pelo IBS, administrado por estados e municípios — começa em 2026.
Esse primeiro ciclo funcionará como etapa de transição, permitindo que as empresas ajustem seus sistemas e compreendam as novas regras tributárias antes do início do recolhimento efetivo.
Período de testes e simulações
Durante 2026, o recolhimento de IBS e CBS será opcional, com alíquotas simbólicas de 0,1% (IBS) e 0,9% (CBS).
As empresas do Lucro Real e Lucro Presumido deverão destacar os tributos nos documentos fiscais, mas os valores poderão ser recuperados posteriormente.
Segundo o Ministério da Fazenda, o objetivo é testar a operação dos sistemas, validar a emissão de notas fiscais e treinar profissionais e softwares contábeis, sem impacto financeiro relevante.
Novas obrigações acessórias
A adaptação às obrigações acessórias do IBS e da CBS será um dos maiores desafios para 2026. Os contadores precisarão garantir o envio correto das informações fiscais eletrônicas, a adequação dos leiautes de DF-e (documentos fiscais eletrônicos) e o cumprimento dos prazos de entrega.
Empresas que não se ajustarem a tempo podem enfrentar erros de faturamento, problemas de compliance e, futuramente, sanções administrativas.
Atualização de sistemas e cadastros
A adequação dos sistemas de gestão (ERP) é outro ponto crítico. Os softwares deverão estar configurados para suportar os novos campos de IBS e CBS, com cadastros atualizados de clientes, fornecedores, produtos e serviços, respeitando a classificação fiscal e NCM corretas.
A recomendação é que as empresas iniciem testes integrados de emissão de NF-e, NFS-e e NFC-e, garantindo a correta transmissão ao Ambiente Nacional de Dados (AND).
Planejamento tributário e impacto financeiro
A reforma tributária também exigirá revisão dos planejamentos fiscais. Com o crédito amplo e o imposto “por fora”, os contadores terão papel fundamental na simulação dos impactos sobre o fluxo de caixa, precificação e apuração de lucros das empresas.
Será essencial compreender as regras de não cumulatividade e a nova dinâmica de restituição de créditos tributários, especialmente em setores com longas cadeias produtivas.
Treinamento e capacitação contínua
O sucesso da transição dependerá da capacitação técnica dos profissionais da contabilidade.
Em 2026, os contadores deverão se aprofundar na Lei Complementar nº 214/2025, que regulamenta a reforma, e acompanhar as normas complementares editadas pela Receita Federal, pelo Comitê Gestor do IBS e pelos entes federativos.
A educação continuada será estratégica para que o profissional contábil se consolide como consultor tributário especializado, orientando empresas na adaptação ao novo sistema.
Simples Nacional e interações com o novo modelo
Embora o Simples Nacional seja mantido, os contadores que atendem MEIs e microempresas precisarão compreender as interações entre o regime e o IVA Dual.
O cashback de tributos para famílias de baixa renda, previsto na reforma, poderá influenciar a base de cálculo e mudar o comportamento dos consumidores, exigindo novos ajustes no cálculo dos tributos.
O que esperar para o ano seguinte
O ano de 2026 funcionará como um laboratório tributário, em que o foco será testar, ajustar e treinar. A transição definitiva para o novo modelo está prevista para 2027, quando as regras do IBS e CBS passarão a produzir efeitos financeiros plenos.
Empresas e escritórios de contabilidade que anteciparem a preparação estarão em vantagem competitiva, reduzindo riscos e fortalecendo o compliance fiscal.













