A Black Friday se tornou, há alguns anos, uma das datas mais esperadas pelo varejo. As vitrines se enchem de descontos, as plataformas digitais registram picos de acesso e o caixa finalmente respira um pouco mais aliviado. No entanto, enquanto as atenções se voltam para as estratégias de marketing e logística, há um aspecto crucial, que pode definir o sucesso ou o fracasso financeiro dessa operação: a gestão fiscal.
Em períodos de grande movimentação comercial, caso da Black Friday, o volume de transações cresce exponencialmente. “Esse aumento, embora positivo do ponto de vista do faturamento, também amplia o risco de inconsistências fiscais, erros na emissão de notas, tributação incorreta e descumprimento de obrigações acessórias”, alerta o fundador e sócio da DIRETO Group, empresa de wealth management, Silvinei Toffanin.
O especialista explica que, em um país como o Brasil, onde a complexidade tributária é reconhecida até internacionalmente, uma falha aparentemente simples pode resultar em multas elevadas, bloqueio de CNPJ ou até exclusão de regimes tributários mais vantajosos, como o Simples Nacional. Por isso, Silvinei orienta os profissionais a manterem atenção a pontos especiais, como:
- Precificação e tributação correta dos produtos: afinal, durante a Black Friday, muitas empresas realizam promoções relâmpago e alteram preços com frequência. É fundamental garantir que os sistemas de gestão estejam atualizados com as alíquotas corretas de ICMS, PIS, Cofins e ISS (quando aplicável). Uma simples divergência pode configurar infração fiscal e gerar autuação.
- Emissão correta de notas fiscais: o aumento repentino de vendas pode sobrecarregar o time de faturamento. Automatizar a emissão de notas fiscais e revisar periodicamente o XML das operações é essencial para evitar notas rejeitadas, duplicadas ou com CFOP incorreto — problemas comuns nesse período.
- Controle de devoluções e cancelamentos: a Black Friday traz, também, um aumento expressivo nas devoluções. É crucial manter o controle rigoroso desses processos, com a emissão correta das notas de devolução e estorno dos impostos, de modo a evitar inconsistências contábeis e tributárias.
- Gestão do estoque e rastreabilidade: muitas empresas realizam vendas de produtos com substituição tributária ou regimes diferenciados de ICMS. Sem uma conciliação adequada entre estoque e faturamento, o risco de desenquadramento fiscal é alto. Sistemas integrados entre ERP e contabilidade são aliados indispensáveis.
- Cuidados com o marketplace e canais digitais: no e-commerce, especialmente em marketplaces, as responsabilidades tributárias variam conforme o modelo de operação (venda direta, intermediação, dropshipping, etc.). É fundamental compreender quem é o responsável pela retenção e recolhimento de tributos em cada caso.
“Para garantir que o varejo, seja ele online ou físico, tenha uma boa Black Friday, recomendamos a realização de um bom planejamento antes de vender. Para isso, deve ser realizada uma revisão da classificação fiscal (NCM) e da tributação dos produtos antes da campanha. Também orientamos para a automatização das tarefas. Uma dica é investir em sistemas de gestão fiscal integrados que atualizem regras tributárias automaticamente”, alerta o fundador e sócio da DIRETO Group
Ele também reforça a importância das auditorias preventivas. “Um diagnóstico contábil antes e depois da Black Friday pode evitar surpresas com o Fisco. É fundamental que a equipe seja treinada a fim de garantir que o time de vendas e faturamento compreenda os impactos fiscais das promoções. E, por fim, contar com uma assessoria contábil proativa, que não espere a fiscalização bater à porta, mas que atue para preservar a saúde financeira da empresa”.
“O sucesso da Black Friday não deve ser medido apenas pelo faturamento bruto, mas pela eficiência na gestão do resultado líquido, considerando custos, margens e obrigações tributárias. Em um cenário econômico ainda desafiador, a empresa que alia estratégia comercial a rigor fiscal ganha vantagem competitiva, reputacional e sustentabilidade financeira. Em resumo, vender mais é ótimo. Mas vender com segurança fiscal é o que garante que o lucro não se transforme em passivo tributário no futuro”, finaliza Silvinei Toffanin.
Com informações DIRETO Group e Scaramella Press













