A Câmara dos Deputados aprovou o projeto que institui o Programa Nacional de Assistência Técnica e Capacitação dos Microempreendedores Individuais (Pronatec-MEI), iniciativa que pretende fortalecer a gestão, a inovação e a competitividade de milhões de pequenos negócios espalhados pelo país.
Guiado por princípios de gratuidade, o programa oferecerá universalidade de acesso, transparência, respeito à diversidade regional e estímulo à autonomia dos empreendedores. Através da ferramenta, os empreendedores poderão contar com cursos, consultorias em gestão, educação financeira, transformação digital e participação em compras públicas.
Um dos destaques da proposta é a criação de uma plataforma digital nacional, que deverá centralizar:
- Cursos gratuitos e trilhas de formação;
- Modelos de documentos e ferramentas de gestão;
- Orientações jurídicas e contábeis;
- Informações sobre linhas de crédito;
- Agenda de consultorias personalizadas;
- Oportunidades de negócios e acesso a mercados.
O projeto original, apresentado pelo deputado João Daniel (PT-SE), recebeu ajustes do relator, deputado Zé Adriano (PP-AC). Uma das mudanças foi justamente a retirada da previsão de que o Sistema S participaria do financiamento do programa que, segundo o relator, as entidades do Sistema S têm finalidade constitucional vinculada ao financiamento de ações próprias e não poderiam assumir novas obrigações financeiras desse tipo.
Para garantir viabilidade operacional, o texto cria o Fundo de Fomento à Capacitação do MEI (Funcaf-MEI), que será administrado por um comitê ligado ao Ministério do Empreendedorismo, Microempresa e Empresa de Pequeno Porte. O fundo será abastecido por recursos da União, doações, rendimentos e outras fontes permitidas em lei.
Embora existam iniciativas voltadas ao pequeno empreendedor — como Pronampe e MEI Conta com a Gente —, cada programa atua em frentes específicas, como crédito ou formalização. O Pronatec-MEI surge com uma proposta mais ampla: consolidar capacitação, orientação técnica, conteúdo educativo e apoio em gestão em um único ecossistema nacional.
A proposta segue em tramitação conclusiva e ainda será analisada pelas Comissões de Finanças e Tributação e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Para virar lei, o texto deverá ser aprovado pela Câmara dos Deputados e Senado Federal.
O que o Pronatec-MEI representa para contadores e consultores
A criação do Pronatec-MEI pode ampliar significativamente o papel estratégico dos profissionais de contabilidade no suporte aos microempreendedores. Com a oferta de conteúdos técnicos, capacitação e ferramentas de gestão em uma plataforma unificada, os contadores passam a ter uma fonte padronizada de informações para orientar seus clientes, reduzindo dúvidas recorrentes e fortalecendo a regularidade fiscal e trabalhista dos MEIs.
Além disso, o programa deve estimular a profissionalização da gestão desses pequenos negócios. Isso significa maior demanda por serviços como organização financeira, planejamento tributário simplificado, enquadramento correto de atividades, suporte na emissão de notas e acompanhamento de obrigações. Na prática, o Pronatec-MEI pode fomentar um ambiente mais preparado e, ao mesmo tempo, aumentar as oportunidades para escritórios contábeis que atuam com consultoria.
Por fim, a integração com trilhas de educação financeira e orientação jurídica ajuda a reduzir riscos de inadimplência, autuações e desenquadramentos — problemas que recaem, com frequência, sobre a rotina do contador. Ao incentivar MEIs mais informados e organizados, o programa tende a melhorar a qualidade das informações recebidas pelos profissionais contábeis e a otimizar processos internos, especialmente em épocas de pico, como início de ano fiscal e envio de declarações obrigatórias.
Com informações adaptadas da Agência Câmara de Notícias













