O Ministério Público do Estado de Sergipe (MPSE), por meio do Gaeco, em parceria com o Ministério Público do Espírito Santo, deflagrou nesta quinta-feira (27) uma operação para combater fraudes fiscais e lavagem de dinheiro envolvendo empresas e indivíduos ligados a um complexo esquema de sonegação.
A força-tarefa cumpre 16 mandados de prisão em Aracaju, com apoio do Batalhão de Rádio Patrulha da Polícia Militar de Sergipe e do Gabinete de Segurança Institucional, responsáveis pela coleta de documentos, equipamentos eletrônicos e materiais que possam comprovar a atuação da organização criminosa.
Estrutura profissionalizada de fraude tributária
As investigações apontam para a existência de um grupo articulado especializado na emissão de notas fiscais inidôneas, criação de empresas de fachada e manipulação de créditos tributários para simular operações comerciais inexistentes. O esquema também utilizava "laranjas" para ocultar bens e movimentações financeiras, dificultando a identificação dos verdadeiros beneficiários.
Segundo o MP, o grupo mantinha uma contabilidade paralela que registrava operações fictícias e dava aparência de legalidade ao volume expressivo de recursos movimentados. A prática permitia a redução indevida de tributos, lavagem de dinheiro e a circulação de créditos usados para compensações ou vantagens fiscais ilegítimas.
Materiais serão analisados tecnicamente
Os documentos e dispositivos apreendidos serão catalogados e submetidos à análise técnica especializada, o que deve aprofundar o rastreamento do fluxo financeiro e a identificação de eventuais participantes adicionais.
O MPSE informou que novas fases da investigação não estão descartadas.
O que o caso revela sobre riscos contábeis e fiscais para empresas reais
Para o público contábil, o caso reforça um ponto de atenção permanente: a responsabilidade solidária que pode recair sobre empresas que, mesmo sem intenção, se relacionam com fornecedores envolvidos em fraudes estruturadas. A emissão de notas frias continua sendo um dos principais mecanismos utilizados para gerar créditos indevidos, e rotinas insuficientes de checagem cadastral ainda são um dos maiores fatores de risco.
O episódio evidencia também a importância de controles internos robustos, especialmente em relação ao compliance tributário, acompanhamento de NF-es, conferência de operações suspeitas e validação prévia de parceiros comerciais. A contabilidade tem papel estratégico ao identificar incoerências, volumes incompatíveis, empresas recém-criadas com grande circulação financeira e padrões típicos de simulação.
Para escritórios contábeis e departamentos fiscais, a operação serve como alerta sobre a necessidade de auditorias preventivas, análise contínua de notas fiscais recebidas e uso de ferramentas que cruzem dados públicos com informações cadastrais e fiscais. A prevenção é decisiva para evitar exposição ao Fisco, autuações milionárias e responsabilizações civis ou criminais.












