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TRIBUTAÇÃO

Senado aprova corte de isenções tributárias e libera R$ 22,45 bi no Orçamento em 2026

Senado aprova projeto que reduz isenções tributárias, eleva impostos sobre apostas e fintechs e segue para sanção presidencial.

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Corte de isenções tributárias libera R$ 22,45 bi no Orçamento em 2026

Senado aprova corte de isenções tributárias e libera R$ 22,45 bi no Orçamento em 2026

O Senado Federal aprovou, na noite desta quarta-feira (17), o projeto de lei que reduz isenções tributárias federais, aumenta a tributação de casas de apostas e fintechs e libera R$ 22,45 bilhões no Orçamento de 2026. A proposta foi aprovada por 62 votos favoráveis e 6 contrários, já havia passado pela Câmara dos Deputados e agora segue para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Limite para prorrogação de isenções tributárias

O texto aprovado estabelece que isenções tributárias federais só poderão ser prorrogadas por até cinco anos, exceto nos casos em que estejam relacionadas a investimentos de longo prazo e não comprometam metas fiscais.

Segundo a Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil, o volume de benefícios e incentivos tributários federais atualmente chega a R$ 612 bilhões, o que corresponde a 4,43% do Produto Interno Bruto (PIB). A Receita Federal estima que o valor da renúncia fiscal pode ser ainda maior, alcançando R$ 800 bilhões.

Trava para concessão de novos incentivos

O projeto também cria uma trava fiscal para a concessão de novos benefícios. Pelo texto, quando o total de incentivos e benefícios tributários ultrapassar 2% do PIB, ficará vedada a concessão, ampliação ou prorrogação de novos incentivos.

A apuração desse limite deverá considerar os valores definidos na legislação e as regras orçamentárias vigentes.

Redução cumulativa dos benefícios fiscais

A redução das isenções tributárias prevista no projeto será cumulativa e se dará conforme o tipo de benefício concedido. O texto estabelece os seguintes critérios:

  1. Setores isentos ou com alíquota zero passarão a recolher 10% da alíquota do sistema padrão de tributação;
  2. Setores com alíquota reduzida terão aplicação da soma de 90% da alíquota reduzida com 10% da alíquota do sistema padrão;
  3. Setores com redução de base de cálculo terão aplicação de 90% da redução prevista na legislação específica;
  4. Setores com crédito financeiro ou tributário, incluindo crédito presumido ou fictício, terão o aproveitamento limitado a 90% do valor original, com cancelamento do saldo não aproveitado;
  5. Setores com redução do tributo devido terão aplicação de 90% da redução prevista;
  6. Regimes especiais terão elevação de 10% da porcentagem da receita bruta;
  7. Regimes de tributação com base de cálculo presumida terão os percentuais de presunção acrescidos em 10%.

Exigências de transparência e impacto orçamentário

O texto aprovado determina que toda concessão, ampliação ou prorrogação de incentivo tributário deverá conter:

  1. Estimativa de impacto orçamentário no primeiro ano de vigência e nos dois anos seguintes;
  2. Atendimento às regras da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO);
  3. Estimativa de beneficiários;
  4. Metas de desempenho;
  5. Mecanismos de transparência e monitoramento.

Essas exigências passam a integrar os critérios formais para concessão de benefícios fiscais.

Aumento da tributação das casas de apostas

O projeto estabelece um aumento progressivo da tributação das casas de apostas com o objetivo de financiar a seguridade social.

Pelas regras aprovadas:

  1. Em 2026, 1% da arrecadação das empresas de apostas será destinado à seguridade social;
  2. Em 2027, o percentual sobe para 2%;
  3. Posteriormente, o limite será de 3%.

Segundo o relator, o impacto orçamentário dessa medida será de R$ 850 milhões em 2026.

Responsabilização por publicidade de apostas irregulares

O projeto também cria regras de responsabilização para pessoas físicas ou jurídicas que divulgarem casas de apostas que operam de forma irregular no país.

De acordo com o texto, quem fizer publicidade ou propaganda comercial de apostas irregulares poderá ser tributado sobre a exploração das apostas e sobre o recebimento de prêmios líquidos decorrentes dessas operações.

Aumento da tributação para fintechs

Outro ponto central do projeto é o aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para fintechs.

As alíquotas passam a ser:

  1. 12% até 31 de dezembro de 2027 (atualmente 9%);
  2. 15% a partir de 1º de janeiro de 2028.

Segundo o relator, o impacto dessa medida será de R$ 1,6 bilhão em 2026.

Empresas de capitalização

O texto também altera a tributação das empresas de capitalização, que passam a recolher:

  1. 17,5% de CSLL até 31 de dezembro de 2027;
  2. 20% a partir de 2028.

Juros sobre capital próprio

O projeto aprovado eleva a tributação dos juros sobre capital próprio (JCP) das empresas.

A alíquota passa de 15% para 17,5%, com impacto estimado de R$ 2,5 bilhões no Orçamento de 2026, segundo o relator.

Tributos alcançados pela redução de incentivos

A redução dos incentivos fiscais atinge benefícios incidentes sobre os seguintes tributos federais:

  1. PIS-Pasep;
  2. Cofins;
  3. Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ);
  4. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL);
  5. Imposto de Importação;
  6. Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);
  7. Contribuição previdenciária.

Tramitação e sanção presidencial

Com a aprovação no Senado, o projeto segue agora para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O texto já havia sido aprovado pela Câmara dos Deputados, concluindo sua tramitação no Congresso Nacional.

Contexto fiscal e Orçamento de 2026

A proposta faz parte do esforço do governo para viabilizar o Orçamento de 2026, ampliando a arrecadação e estabelecendo limites para a concessão de benefícios fiscais.

A liberação de R$ 22,45 bilhões decorre do conjunto de medidas aprovadas, incluindo o corte de isenções e o aumento da tributação de setores específicos.

Ao aprovar o corte de isenções tributárias federais, o Senado Federal concluiu a tramitação de um projeto que busca restringir a concessão de benefícios fiscais, aumentar a arrecadação e financiar o Orçamento de 2026. O texto eleva a tributação de casas de apostas, fintechs e juros sobre capital próprio, estabelece limites vinculados ao PIB e impõe novas exigências de transparência fiscal, aguardando agora a sanção presidencial.

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