A aplicação da Inteligência Artificial (IA) vem transformando a atuação dos órgãos de controle no Brasil, ao ampliar a capacidade de análise de dados e fortalecer a fiscalização de recursos públicos. Com o uso de algoritmos, tribunais de contas conseguem examinar grandes volumes de informações, identificar padrões, detectar possíveis fraudes e antecipar riscos em processos de contratação e licitação.
No Tribunal de Contas da União (TCU), a adoção dessas ferramentas já é realidade. A Corte desenvolveu sistemas como o ALICE (Análise de Licitações e Editais) e o ChatTCU, uma IA generativa voltada para uso interno, que apoia atividades de leitura de documentos e pesquisas jurídicas. A expectativa é que soluções desse tipo tornem o trabalho dos auditores mais ágil, transparente e preventivo.
A incorporação da IA representa um novo modelo de fiscalização, em que o controle deixa de ser apenas reativo e passa a atuar de forma proativa. Tecnologias baseadas em aprendizado de máquina permitem integrar informações de diferentes fontes, como o Diário Oficial, aprimorando a detecção de irregularidades e a tomada de decisão.
Apesar dos avanços, especialistas apontam que a consolidação desse processo depende de profissionais qualificados e de políticas claras sobre ética e segurança no uso dos dados. A afirmação foi feita durante o Encontro Nacional de Tecnologia e Inovação das Instituições de Controle – Enastic Controle 2025.
Para Ademir Piccoli, advogado, ativista de inovação e CEO do J.Ex, a transformação digital não deve começar pela aquisição de ferramentas, mas pela clareza sobre quais problemas precisam ser resolvidos. “Antes de investir em IA, precisamos entender onde ela realmente faz diferença. É preciso dar um passo atrás, entender o contexto e preparar as pessoas para usarem a tecnologia de forma estratégica. É preciso primeiro compreender o porquê do algoritmo, de onde ele vem e quais problemas ele pode ajudar a resolver no dia a dia. Antes de investir em tecnologia, é fundamental investir na mudança de mindset”, afirmou o especialista.
De acordo com pesquisa da Economist Impact, os principais usos da IA atualmente no setor público brasileiro são em análise de dados e análises preditivas (58% dos entrevistados), seguidos por segurança cibernética e prevenção de fraudes (46%). O levantamento também mostra que o uso da IA no setor público ainda está em estágio inicial, mas deve se expandir para áreas como atendimento ao cidadão e automação de processos, consolidando-se como eixo central da modernização do Estado.
Com informações do portal do TCU.
Fonte: IT Comunicação Integrada