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ARTIGO DE ECONOMIA

O dilema da produtividade e as eleições

Neste artigo, o especialista discute sobre como as eleições podem atingir o cenário da produtividade no país.

08/07/2022 13:30:01

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Baixa produtividade requer boas escolhas políticas

 O dilema da produtividade e as eleições Pexels

Novamente, volto ao assunto: o que deveríamos demandar dos candidatos à Presidência da República no pleito de outubro? Se alguma palavra pudesse refletir o grande desafio da economia nos próximos anos, esta seria “produtividade”.

Com o fim do bônus demográfico, a incorporação de nova mão de obra excedente no mercado de trabalho não é mais uma possibilidade. Se quisermos aumentar nosso produto, nossa produção e nossa renda gerada, só conseguiremos isso via produtividade. Temos de gerar mais produto por insumo empregado.

Os números no Brasil são assustadores. 

“A produtividade média de um brasileiro típico vem se mantendo muito baixa há 20, 30 anos. É tão baixa que este trabalhador leva uma hora para fazer o mesmo produto ou serviço que um norte-americano faz em 15 minutos, e um alemão ou coreano, em 20 minutos” afirma o professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FEA-RP/USP), em recente entrevista para o Jornal da USP, Sérgio Sakurai.

Neste cenário, fica impossível competir com os produtos estadunidenses ou coreanos. Se nos fechamos para insumos e produtos estrangeiros, não trazemos competição, nem tecnologia, para que possamos nos inserir no fornecimento global de produtos de alta tecnologia.

Assim, vale analisar o que pode ser feito para aumentar a produtividade, tanto do capital quanto da mão de obra. A primeira necessidade: estabilidades econômica e política, condição sine qua non já tratada em outro artigo – e vou me permitir apenas citá-la. Responsabilidade fiscal, abertura financeira e equilíbrio monetário e inflacionário são princípios básicos.

Aqui, cabe citar os grandes movimentos necessários para que a produtividade volte a crescer. E, com ela, salários, renda e riqueza. A primeira demanda seria a inserção do Brasil nas cadeias produtivas globais. 

Em outras palavras,  abertura econômica e comercial graduais, com um plano estratégico de diminuição progressiva das tarifas de comércio exterior da fechadíssima economia nacional. 

Isso é imprescindível para o que estamos procurando, mesmo com pressões contrárias da indústria brasileira.

Entretanto, a simples inserção na economia mundial, sem outras medidas paralelas, não basta. 

O ambiente de negócios tóxico e o sistema tributário caro e complexo reprimem a competitividade das empresas no País. 

Além disso, as leis trabalhistas tornam o mercado de trabalho instável, engessado e custoso; e o funcionalismo público drena recursos do setor privado sem valorizar o desempenho dos funcionários. Tudo isso atrapalha. É escancarada a necessidade das reformas Tributária e Administrativa – além da manutenção e do aprofundamento da Reforma Trabalhista.

Sem esta reestruturação, não há como crescer sustentavelmente. É necessário rejeitar qualquer programa de país que renegue isso. Não há crescimento, nem renda, tampouco melhoria nas condições de vida sem as reformas.

E, por fim, chegamos à educação. Ter um plano de longo prazo – com valorização dos bons professores, digitalização das aulas e metas claras de evolução do desempenho nos testes internacionais – também é essencial, o qual deve envolver estratégias de auxílio à primeira infância e foco no ensino primário público. 

Não há produtividade sem trabalhadores bem-formados.

Em suma: abertura comercial, melhoria do ambiente de negócios, reformas e plano educacional de longo prazo. Esta é a receita para a volta do crescimento. 

O menu está dado, resta-nos saber quem oferecerá o prato principal em outubro.

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