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Contabilidade Criativa

Mariana M. Camargo Giacomini

Mariana M. Camargo Giacomini

Bronze DIVISÃO 5
há 6 anos Quarta-Feira | 23 janeiro 2019 | 22:43

Olá caros colegas,
Acredito que o assunto seja delicado e também não tenho certeza se posso abordá-lo, pois receio ser um tabu em nosso meio, pois já pesquisei horas e horas sobre o tema e tudo o que encontrei foram assuntos sobre Contabilidade Criativa relacionada à organizações públicas, mas nós sabemos que ela é usada em organizações privadas. Eu ainda não me formei em Contábeis, mas trabalhei dois anos como auxiloar em um escritório e confesso que me decepcionei com a realidade da profissão, pois na prática as normas contábeis eram assassinadas e com a desorganização dos clientes, não era possível transmitir demonstrações fiéis a realidade da empresa. Enfim, na esperança de eu estar no lugar errado, comecei em outro escritório e lá acontecia a mesma coisa. Tentei conversar sobre isso em sala de aula, mas parecia blasfêmia, mas conversando com outros colegas, sei que isso acontece em praticamente todos os escritórios contábeis. E isso me fez sentir inútil como profissional, porque estudar tantas horas, decorar tantas leis, normas, fórmulas e regras se na prática nada disso importa? Alguém poderia me dizer que estou equivocada?

Bruno Ribeiro Silva

Bruno Ribeiro Silva

Prata DIVISÃO 4 , Auxiliar Contabilidade
há 6 anos Quarta-Feira | 23 janeiro 2019 | 23:02

Mariana, meus parabéns por ter essa reflexão e inconformismo com a realidade da profissão. Você não está equivocada não, eu estava debatendo exatamente a mesma coisa hoje com colegas em um grupo. Infelizmente a contabilidade acaba não servindo para o que deveria servir, pois a esmagadora maioria das empresas não conseguem ou não querem seguir tudo que a legislação impõe. É serviços prestados sem emissão de nota, é mercadoria comprada sem nota fiscal, é pagamento por fora de empregados, é pró-labore que não existe, é dinheiro que entra e sai da empresa de forma mascarada, é carro comprado para a PF só que em nome da PJ, enfim, é tudo que não poderia ser, e que traz como consequência a falta total de fidedignidade entre as demonstrações contábeis e a realidade da empresa. Existem vários fatores que levam a isso, a burocracia brasileira, a altíssima carga tributária, a falta de transparência, mas o principal motivo não adianta tapar o Sol com a peneira, é o mau costume e falta de ética que é enraizada na sociedade brasileira, todos, sociedade, empresários, governo, contadores.

Alguém tem que começar a mudar isso, que sejamos nós !

Um dos melhores tópicos que já li aqui no Portal, marquei como favorito pra acompanhar as respostas e o debate, deixo como sugestão aos administradores deixar este tópico eternamente como tópico fixo.

Daniel Garcia

Daniel Garcia

Ouro DIVISÃO 2 , Contador(a)
há 6 anos Quinta-Feira | 24 janeiro 2019 | 13:38

Mariana M. Camargo Giacomini,

Esse assunto precisa (e como precisa!) ser discutido.

Assim como você, já vivenciei o fato de estar trabalhando em uma empresa de contabilidade onde as normas contábeis e demais normativos passam longe de serem observados.

E, assim como você também fez, mudei de local, onde, durante um certo tempo percebi que existia essa preocupação com todos os aspectos que norteiam nossa profissão, mas esse "gás" foi acabando. Resultado: mais do mesmo.

Hoje possuo uma pequena estrutura de atendimento com um sócio, onde atendo meus clientes e faço questão de observar cada vírgula da Legislação, cada letra dos queridos CPC's. E, caso algum cliente questione o porquê ou insista em fazer o errado, acabo vencendo pelo cansaço rs. Vou até o último recurso para valorizar nossa profissão.

Isso não ocorre com meus clientes, mas existem casos em que, caso o contador não compactue com o erro proposto, o cliente sai daquele escritória e coloca sua empresa em outro, por um preço aviltante e que compactua com qualquer coisa proposta por ele.

A valorização do serviço contábil não cabe aos empresários, cabe a nós, contadores!

At.,

Daniel Garcia
Garcia & Paiva Assessoria Contábil
--
* Legalização de empresas;
* Soluções contábeis completas;
* Planejamento tributário.

* (21) 96920-2877
* [email protected]
* [email protected]
* RJ e PR
Mariana M. Camargo Giacomini

Mariana M. Camargo Giacomini

Bronze DIVISÃO 5
há 6 anos Quinta-Feira | 24 janeiro 2019 | 20:08

Bruno Ribeiro Silva

Existem vários fatores que levam a isso, a burocracia brasileira, a altíssima carga tributária, a falta de transparência, mas o principal motivo não adianta tapar o Sol com a peneira, é o mau costume e falta de ética que é enraizada na sociedade brasileira, todos, sociedade, empresários, governo, contadores.


Exato, os escritórios tentam culpar os clientes que por sua vez, culpam os escritórios pela falta de esclarecimento, mas a verdade é que os dois estão errados. E deveria começar por nós a valorizar a nossa profissão e se negar a trabalhar assim, como falou o nosso colega Daniel Garcia:

caso o contador não compactue com o erro proposto, o cliente sai daquele escritória e coloca sua empresa em outro, por um preço aviltante e que compactua com qualquer coisa proposta por ele.


O grande problema é que sempre existe alguém para compactuar com o que é imoral e antiético, e infelizmente as empresas não percebem que elas são as mais prejudicadas, pois não tem qualquer controle sobre suas operações.
Fico esperançosa de saber que existem escritórios como o seu Daniel, é por ter essa esperança que ainda não desisti, pois espero muito ver e contribuir para que a nossa profissão evolua cada vez mais, e se livre de velhos hábitos, tornando-se de fato valorizada por todos.

E sobre a observação do senhor Edemar, entendo que seja um eufemismo para crimes contra a ordem tributária, por isso o tópico, pois entendo que esses atos são uma espécie de crime, não sei se tributário ou não, mas violam a natureza para a qual as demonstrações contábeis existem, e como não encontrei nada específico sobre o assunto, nem na legislação encontrei algo que impeça isso, por enquanto, sei apenas que são atos antiéticos, decidi abrir este tópico.

Obrigada a todos que responderam!

Paulo Henrique de Castro Ferreira
Consultor Especial

Paulo Henrique de Castro Ferreira

Consultor Especial , Contador(a)
há 6 anos Sexta-Feira | 25 janeiro 2019 | 10:23

Bom dia Mariana e demais amigos(as).

Infelizmente no "país do jeitinho" isso é um fato corriqueiro.

Se você pegar minha CTPS, você verificará que normalmente não ficava, mais de 6 meses em escritórios.

Nisso você pode pensar: "nossa esse Paulo é um lixão, era tão ruim que não firmava em lugar nenhum".

Não é bem isso. É pelo simples fato de não concordar com determinadas práticas.

Hoje em dia, trabalho principalmente com pericias e avaliações, e infelizmente vejo que este quadro na contabilidade comercial não vai mudar por agora.

Estamos presenciando ainda alguns colegas incentivando a vender os serviços de contabilidade, como se fossem vendedores de uma determinada empresa onde o jargão é o famoso " é proibido perder vendas". As ditas "contabilidades on line" ou os "contadores consultores" que em principio poderiam representar uma evolução na nossa profissão podem ocasionar uma grande perda de qualidade nos serviços, pois sob o mantra de que os dados virão diretamente do software, podem fazer com que um dos trabalhos mais importantes que o contador deve fazer que é analisar a integridade das informações e lançamentos, seja jogado no lixo, pois como seu objetivo é sair vendendo serviços de contabilidade a baixo custo, o cliente sempre tem razão, e se contrariado, ele mudará para outra contabilidade que cobre mais barato e não pegue no seu pé.

Recentemente perdi um dos meus poucos clientes de serviços de contabilidade, pelo simples fato de não fazer uma declaração de faturamento com valores "para agradar o banco". E não faço mesmo.

A dita contabilidade criativa não é so culpa do cliente, mas também do contador que aceita e incentiva isso.

att

Atenciosamente.

Paulo Henrique de C. Ferreira
Contador CRC MG 106412/O - Perito Contábil CNPC 087 - Avaliador Imobiliário CNAI 23358
Avaliação de empresas e processos de transferência societária;
Especialista em 3º Setor e em fusões, cisões e incorporações;
https://www.psce.com.br
Atenção: não dou consultorias por telefone! Somente por e-mail ou via whatsapp (audio ou mensagem)
Bruno Ribeiro Silva

Bruno Ribeiro Silva

Prata DIVISÃO 4 , Auxiliar Contabilidade
há 6 anos Sexta-Feira | 25 janeiro 2019 | 23:33

Paulo,

Essa decisão de perder clientes é muito difícil de ser tomada, precisa ter muita consciência da importância que cada indivíduo tem dentro da sociedade, caráter, e muita força de vontade, parabéns, a mudança começa por cada um de nós.

Lyneker Bersot

Lyneker Bersot

Iniciante DIVISÃO 3 , Gerente Restaurante
há 6 anos Domingo | 27 janeiro 2019 | 17:54

Mariana,

Posso falar como um empresário no ramo a dois anos, eu passo diversos dias de domingos lendo sobre tributações e assuntos referentes a isso e cada dia aprendo mais, mas o problema é a falta de clareza e inúmeros "detalhes e detalhes", eu possuo um restaurante e sou responsável alem da administração, cuidar de toda área fiscal, eu emito notas, dou entrada, baixa em estoque, controle geral da empresa, eu tenho um medo danado da Receita Federal, mas eu peguei o negócio do meu pai herdado, eu fazia faculdade de Sistemas de Informação e no outro mês eu era dono de um Restaurante, a empresa não possuía nada correto, era um MEI com 10 funcionários ativos... uma bagunça, não tinha sistema de automação, o contador dele era um enganador, eu registrei um CNPJ novo, dei baixa em todos os funcionários, coloquei eles no meu CNPJ coloquei sistema, pago os impostos e digo com toda certeza "meudeus" é tudo muito burocrático eu esqueço de tudo, tantas variáveis, tantos detalhes, vou no escritório da contabilidade vejo pilhas e pilhas de papeis...
Os impostos são altíssimos, chega me causar desanimo, já não basta ser difícil abrir uma empresa corretamente ainda tem que pagar valores absurdos...

Por diversas vezes eu agindo de má fé, pergunto ao meu contador, "fazer isso vai me dar problema?", "essa operação é perigosa?", "posso fazer dessa forma mais simples?", quase sempre a resposta é um "NÃO".

E na insistência eu digo, "entenda o meu lado, essas regras são frustrantes, eu preciso trilhar esse caminho para minha sobrevivência, eu não estou aguentando..."
a resposta é um "pois é, muita gente segue o caminho correto, mas ao invés de ser fácil... é o mais difícil"

Bruno Ribeiro Silva

Bruno Ribeiro Silva

Prata DIVISÃO 4 , Auxiliar Contabilidade
há 6 anos Domingo | 27 janeiro 2019 | 20:03

Lyneker,

Eu fiquei um pouco confuso no seu texto:

Por diversas vezes eu agindo de má fé, pergunto ao meu contador, "fazer isso vai me dar problema?", "essa operação é perigosa?", "posso fazer dessa forma mais simples?", quase sempre a resposta é um "NÃO".


E na insistência eu digo, "entenda o meu lado, essas regras são frustrantes, eu preciso trilhar esse caminho para minha sobrevivência, eu não estou aguentando..."
a resposta é um "pois é, muita gente segue o caminho correto, mas ao invés de ser fácil... é o mais difícil"


No primeiro trecho, parece que você sabe que está errado, e seu contador não se importa com isso, e no segundo trecho, parece que você quer continuar assim, mas seu contador tenta corrigi-lo. Não entendi direito.

Lyneker Bersot

Lyneker Bersot

Iniciante DIVISÃO 3 , Gerente Restaurante
há 6 anos Domingo | 27 janeiro 2019 | 20:13

Eu tentei simular um diálogo onde eu cliente tenho muitas dúvidas, tudo parece muito difícil, são muitos detalhes a serem gravados e do outro lado a contabilidade que tenta me ensinar, é por mais que tente não é intuitivo, oque me gera frustração e cansaço querendo sempre uma saída mais simples mesmo que seja por vias erradas, simplesmente com o pensamento, se der problema o prejuízo não vai ser tão grande.. ou o prejuízo tem fácil reversão, então vale a pena, ou é algo que todos fazem e não gera problemas apesar de errado! Entendeu!? Bruno Ribeiro Silva

Bruno Ribeiro Silva

Bruno Ribeiro Silva

Prata DIVISÃO 4 , Auxiliar Contabilidade
há 6 anos Domingo | 27 janeiro 2019 | 20:42

Agora entendi sim amigo. Eu te entendo viu, conheço as dificuldades enfrentadas pelo empresário brasileiro, não é fácil mesmo. Mas temos que começar a mudar esses paradigmas sempre usados como desculpa do tipo "Se eu não fizer assim, eu quebro". Mas de qualquer forma, a altíssima carga tributária e o excesso de burocracia são um entrave ao crescimento do Brasil, esse ponto deve ser tratado como prioridade por qualquer governo.

Claudio Rufino
Moderador

Claudio Rufino

Moderador , Contador(a)
há 6 anos Segunda-Feira | 28 janeiro 2019 | 08:25

Mariana M. Camargo Giacomini,

"Olá caros colegas,
Acredito que o assunto seja delicado e também não tenho certeza se posso abordá-lo, pois receio ser um tabu em nosso meio, pois já pesquisei horas e horas sobre o tema e tudo o que encontrei foram assuntos sobre Contabilidade Criativa relacionada à organizações públicas, mas nós sabemos que ela é usada em organizações privadas. Eu ainda não me formei em Contábeis, mas trabalhei dois anos como auxiloar em um escritório e confesso que me decepcionei com a realidade da profissão, pois na prática as normas contábeis eram assassinadas e com a desorganização dos clientes, não era possível transmitir demonstrações fiéis a realidade da empresa. Enfim, na esperança de eu estar no lugar errado, comecei em outro escritório e lá acontecia a mesma coisa. Tentei conversar sobre isso em sala de aula, mas parecia blasfêmia, mas conversando com outros colegas, sei que isso acontece em praticamente todos os escritórios contábeis. E isso me fez sentir inútil como profissional, porque estudar tantas horas, decorar tantas leis, normas, fórmulas e regras se na prática nada disso importa? Alguém poderia me dizer que estou equivocada?
"

Estimad@, bom dia e bom 2019 para você e família do Portal Contábeis.

"Contabilidade criativa" tal tema pode ser convertido para diversos desdobramentos, sejam positivos ou negativos, vai da forma que o contabilista queira encarar a realidade, eu por exemplo, prefiro crer que a contabilidade criativa seja mais um braço onde contabilistas e empresários, empreendedores ou donos de empresas possam alçar melhores organizações(de organizar mesmo as finanças e custos das empresas) nos negócios e por fim chegar ao senso comum contábil, sem comungar de aspectos meramente corruptos.

Decepção com a profissão contábil? talvez sim ou talvez não, depende de como se olha o horizonte profissional, fato é que em todas as profissões há os bons profissionais e obviamente os não bons, nós poderíamos citar aqui várias, mas ficaremos(vamos ficar na profissão contábil) na nossa mesmo que já tem mazelas de sobra!

Obviamente ter negocio no Brasil nunca foi fácil, ser comerciante no Brasil, nunca foi e nunca será fácil porque as burocracias aqui emanadas são em demasia uma coisa terrível, é claro isso não é imperativo para aqueles que tem negócios burlar daqui bular dali e etc. por outro lado fica o profissional contábil com a sensação de não estar cumprindo com seu juramento contábil, pelo que este ultimo não pode forçar ao dono de empresa cumprir a cartilha do código civil/código comercial e demais normas correlatas.

Por fim, alguém disse acima "Hoje em dia, trabalho principalmente com pericias e avaliações, e infelizmente vejo que este quadro na contabilidade comercial não vai mudar por agora." eu diria que em 518 anos de republica federativa, algo que já vem tortuoso não será neste século que as coisas irão se ajustar.

E, nesse emaranhado de situações que nós nos colocamos e em situações que alguns outros nos colocaram, não nos resta a outra coisa a não ser prover em nós mesmos a ética profissional, em muitas das vezes rejeitando certos clientes.

Vamos refletir?

Empresário, seja prudente, contrate profissional habilitado
Professor de Contabilidade
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Matheus M. Câmara

Matheus M. Câmara

Prata DIVISÃO 1 , Contador(a)
há 6 anos Segunda-Feira | 28 janeiro 2019 | 09:25

Bom dia a todos os colegas do fórum,

Eu experimentei muito isso na pele quando me formei, a famigerada "Contabilidade Criativa" está enraizada nos escritórios e empresas do Brasil. O medo de perder um cliente faz com que contadores e contabilistas acabem se tornando reféns do seu próprio serviço.

Infelizmente isto não mudará do dia para a noite, afinal, algo que está enraizado em nossa sociedade(o jeitinho brasileiro) a tanto tempo... Entretanto ao invés da classe contábil se unir o que eu vejo são todos brigando por um pedaço do filé. Afinal, se eu não tiver a criatividade algum outro colega terá, o "mundo é dos espertos".

A realidade em que vivemos é complicada, eu tento não desanimar e não ficar enjoado com o que vejo durante o dia a dia contábil.

Contador - CRC RJ-127821/O
Atuando no município de Volta Redonda e Região Sul do Estado do Rio de Janeiro.

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