Olá Lisandra: Aqui vão algumas opiniões de especialistas para ilustrar seu trabalho:
Tudo sobre a NF-e
A Nota Fiscal Eletrônica é um dos assuntos em voga no cenário empresarial e de TI brasileiro. Para falar do assunto, o presidente executivo da Associação Brasileira de e-business e do CONFeB - Conselho da Nota Fiscal Eletrônica do Brasil, Richard Lowenthal, é o entrevistado da semana do Baguete Diário.
A seguir, o presidente fala sobre as verdades, mitos, tendências e dificuldades dos modelos atuais de NF-e. Além disso, responde às principais dúvidas que surgem sobre adoção, implantação e utilização deste sistema.
Baguete - Há quem diga que a NF-e é um novo bug no milênio: muita conversa e efeitos imprevisíveis...
Richard Lowenthal - Essa idéia é errada. Os benefícios da adoção da nota fiscal eletrônica são evidentes. Você tem um melhor planejamento logístico, relacionamento com o cliente e processos digitalizados. Além desses benefícios operacionais, cujo retorno sobre investimento é proporcional ao número de notas emitidas, existem outros que estão um pouco ocultos pelo estágio inicial do projeto. Por exemplo, uma informação errada em uma nota armazenada pode gerar problemas dentro de quatro anos, em uma eventual fiscalização. De forma digitalizada diminui muito estes problemas...
Baguete - Qual o interesse das empresas em implantar?
Richard Lowenthal - Segundo uma pesquisa que nós fizemos com empresas de diversos portes, 27% mostraram interesse em implantar NF-e o quanto antes. Por outro lado, 72% não sabem o investimento envolvido. O custo ainda é alto, mas deve cair. As companhias piloto falaram de cifras que vão de R$ 300 mil até R$ 3 milhões. São valores elevados, mas a partir do momento que já há uma prática consolidada, não é necessário tanto investimento em tecnologia e o custo deve ficar mais acessível. Em dois anos, grande parte das empresas de porte deve estar envolvida no projeto, o que vai incentivar seus fornecedores e parceiros de negócio a entrar, dentro de um efeito em cascata.
Baguete - Quando o projeto vai deslanchar?
Richard Lowenthal - A Secretaria de Fazenda já abriu para mais 50 empresas, que estão em avaliação até o dia 16 de novembro. O Confeb está auxiliando seus associados nessa argumentação. Entre os critérios da Secretaria, estão o número de notas emitidas mensalmente, se as operações são interestaduais e se os candidatos fazem parte da cadeia das 19 corporações do piloto. A expansão está em andamento.
Baguete - Qual a sua opinião sobre o projeto de NF-e dos Estados e o da Prefeitura de São Paulo?
Richard Lowenthal - Ambas estratégias são interessantes. Nossa única tristeza é que são iniciativas separadas. Poderia ter sido feita uma plataforma única. A Secretaria de Fazenda de São Paulo desenvolveu um projeto transparente e bastante integrado com outras secretarias do país. A prefeitura não seguiu essa estratégia. Fez um plano isolado, com tecnologia diferente, mas usou uma abordagem muito boa, com a redução de impostos em troca do uso da nota eletrônica. O estado focou o topo da pirâmide, em busca das empresas que emitem o maior número de notas - até agosto de 2007, a meta é 50%. A prefeitura fez uma estratégia na base da pirâmide, em busca do maior número de empresas. O projeto da prefeitura é digitar a nota, enquanto o do estado envolve a transferência eletrônica de arquivos.
Baguete - Quais são as deficiências de cada modelo?
Richard Lowenthal - Ambos tem problemas. O do estado dificulta a vida das pequenas empresas, que não tem estrutura de preparar e enviar arquivos em formato XML. Até está sendo preparada uma ferramenta gratuita para fazer isso de forma simplificada. Já a prefeitura tem um problema com grandes empresas, que não podem ficar digitando nota por nota no site da administração pública municipal. Eles já tem ERPs que fazem isso.
Baguete - Onde estão as oportunidades para o setor de TI?
Richard Lowenthal - Os principais beneficiados são os serviços dos integradores que vão trabalhar em um sistema de mensageria para enviar os arquivos para as Fazendas. Eles auxiliam essas empresas a converter os arquivos dentro de um padrão lógico, sem alterar tanto o funcionamento interno. Depois temos os fornecedores de plataformas que precisam ser adaptados para a NF-e, como os ERPs ou mesmo softwares de grandes como Microsoft. Em terceiro temos as consultorias, que vão fazer mapeamentos para evitar retrabalhos na hora do envio. Empresas da área de segurança, em termos de infra-estrutura e principalmente de certificação digital. A NF-e é o maior propulsor existente para adoção de certificação, uma vez que o projeto é baseado em e-CNPJ. Storage, porque é preciso armazenar as notas em formato digital. Por último, as soluções de contingência, para os momentos que as coisas não funcionarem eletronicamente.