A Polícia Federal revelou, no início deste mês, um esquema de fraude que desviou mais de R$ 2 bilhões de recursos destinados a beneficiários do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), seguro-desemprego e programas sociais. A operação criminosa, que atuava em diversas cidades do Rio de Janeiro, contava com a participação de funcionários da Caixa Econômica Federal e utilizava o aplicativo Caixa Tem para acessar e movimentar indevidamente contas de terceiros.
Funcionamento do esquema fraudulento
A quadrilha obtinha ilegalmente dados pessoais, como CPFs, de beneficiários com saldos ativos no FGTS ou no seguro-desemprego. Com essas informações, servidores da Caixa alteravam os cadastros das vítimas no aplicativo Caixa Tem, substituindo os e-mails originais por endereços controlados pelos criminosos. Isso permitia o reset de senhas e o controle total sobre as contas digitais.
Com acesso às contas, os golpistas realizavam transferências via Pix, pagamentos de boletos e saques. Em alguns casos, funcionários da Caixa efetuavam saques diretamente nas agências, a mando do grupo criminoso.
Uso de tecnologia para ampliação do golpe
Para maximizar os ganhos, a quadrilha utilizava softwares que simulam celulares em computadores, permitindo o acesso simultâneo a múltiplas contas no Caixa Tem. Essa automação possibilitava a execução de centenas de transações diárias, aumentando significativamente o montante desviado.
Investigação e operações da Polícia Federal
A Polícia Federal, especializada no combate a crimes cibernéticos desde 2010, deflagrou uma operação em 14 cidades do Rio de Janeiro, resultando na apreensão de celulares, computadores e documentos relacionados à fraude. As investigações indicam que diversas quadrilhas aplicam golpes semelhantes em todo o país.
O delegado Pedro Bloomfield Gama Silva, responsável pela investigação, destacou a importância do fortalecimento dos setores de combate à fraude nas instituições bancárias, especialmente na Caixa, para identificar e prevenir irregularidades.
Medidas adotadas pela Caixa Econômica Federal
Em resposta às fraudes, a Caixa informou que os funcionários envolvidos foram demitidos e que a instituição está implementando sistemas de biometria e inteligência artificial para monitoramento preditivo de operações suspeitas.
O vice-presidente de Logística, Operações e Segurança da Caixa, Anderson Possa, afirmou que essas medidas visam reduzir o número de fraudes e proteger os recursos dos beneficiários.
Impacto e ressarcimento às vítimas
Desde a criação do aplicativo Caixa Tem, em 2020, a Caixa já registrou cerca de 749 mil processos de contestação relacionados a fraudes, com um total de R$ 2 bilhões ressarcidos aos clientes.
A instituição orienta que vítimas de golpes procurem uma agência da Caixa ou entrem em contato pelo telefone de atendimento ao consumidor: 0800 726 0101.
O desmantelamento desse esquema fraudulento evidencia a necessidade de constante vigilância e aprimoramento dos sistemas de segurança nas instituições financeiras. A colaboração entre órgãos de investigação e bancos é fundamental para proteger os recursos destinados aos programas sociais e garantir a integridade dos serviços oferecidos à população.
Para mais informações sobre segurança digital e prevenção de fraudes:
Como proteger suas informações no aplicativo Caixa TemDicas da Polícia Federal para evitar golpes virtuais