No mês em que se celebra o Dia Nacional da Prevenção de Acidentes do Trabalho, em 27 de julho, dados do Observatório de Saúde e Segurança do Trabalho (SmartLab) revelam um panorama alarmante: a cada 3 horas e 38 minutos, uma pessoa morre vítima de acidente de trabalho no Brasil.
De acordo com a plataforma, mantida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), entre 2012 e 2024 foram registrados mais de 8,8 milhões de acidentes e aproximadamente 32 mil mortes de trabalhadores com carteira assinada.
O número de Comunicações de Acidente de Trabalho (CATs) registradas diariamente no país equivale a quase 68 notificações por hora, refletindo um cenário que exige atenção contínua de empresas, gestores e profissionais da área contábil e trabalhista.
Acidentes típicos representam 74% dos casos em 2024
Somente em 2024, o Brasil contabilizou 742.214 acidentes de trabalho. Desses:
- 74,3% foram classificados como acidentes típicos (ocorridos no ambiente de trabalho);
- 24,6% ocorreram durante o trajeto entre casa e trabalho;
- 1% foram decorrentes de doenças ocupacionais.
A maior parte dos casos (61,07%) resultou em afastamentos de até 15 dias, o que indica impactos diretos na produtividade das empresas e nos indicadores de saúde ocupacional monitorados pela Previdência Social.
Setores com mais acidentes de trabalho registrados
Segundo o levantamento, as atividades com maior número de acidentes de trabalho em 2024 incluem:
- Atendimento hospitalar: 43 mil notificações;
- Comércio varejista de mercadorias (incluindo supermercados): 17 mil;
- Transporte rodoviário de cargas: mais de 14 mil.
No setor logístico, os profissionais mais afetados foram:
- Motoristas de caminhão: 74 mil afastamentos;
- Ajudantes de motorista: 28 mil;
- Operadores de empilhadeira: 10 mil.
As partes do corpo mais atingidas em acidentes são braços, mãos, pernas e pés, conforme apontam os dados do Observatório.
São Paulo lidera registros de acidentes de trabalho
O estado de São Paulo concentra o maior número de acidentes de trabalho do país. Desde 2007, foram mais de 309 mil ocorrências, sendo 20.617 somente no último ano.
A concentração industrial, a densidade de atividades logísticas e o volume de trabalhadores formais contribuem para esse resultado. O dado reforça a importância de ações preventivas direcionadas a setores com maior exposição a riscos ocupacionais.
Brasil ocupa 4ª posição em ranking global de acidentes
Apesar de possuir uma das legislações mais completas em saúde e segurança do trabalho, o Brasil ocupa a 4ª colocação no ranking mundial de acidentes laborais, atrás apenas de China, Índia e Indonésia.
O país adota o Fator Acidentário Previdenciário (FAP) como mecanismo para mensurar o desempenho das empresas na prevenção de acidentes. O índice influencia diretamente a alíquota do Seguro de Acidente do Trabalho (SAT), que compõe os encargos previdenciários pagos pelas organizações.
De acordo com especialistas, falhas na implementação de políticas de segurança, ausência de treinamentos adequados e a negligência no uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) ainda são causas frequentes dos acidentes.
Prevenção de acidentes como estratégia de gestão
Empresas que adotam medidas efetivas de prevenção de acidentes não apenas reduzem o número de afastamentos e notificações, como também promovem melhorias no clima organizacional e na eficiência operacional.
É o caso da IBL Logística, sediada em Guarulhos (SP). A empresa atua no transporte de cargas dos setores farmacêutico, eletrônico e alimentício e tem como política a promoção contínua de ações preventivas.
“A integração de novos colaboradores inclui orientações sobre regras de segurança, rotas de fuga e vídeos educativos. Além disso, realizamos DDSs (Diálogos Diários de Segurança) e campanhas estratégicas ao longo do ano”, afirma Regilane Assunção, gerente de Recursos Humanos da companhia.
IBL Logística acumula mais de 500 dias sem acidentes
O Grupo IBL, que reúne mais de 900 colaboradores diretos e cerca de mil profissionais agregados, alcançou a marca de 563 dias consecutivos sem acidentes de trabalho até o momento.
O recorde anterior da empresa foi de 947 dias sem ocorrências, resultado atribuído à integração entre as equipes de segurança e qualidade e ao investimento constante em treinamentos e campanhas de conscientização.
Segundo Regilane, “a segurança deve ser parte da cultura da organização, indo além do cumprimento de normas legais. É preciso incentivar uma comunicação aberta sobre riscos e antecipar situações que podem gerar acidentes”.
Campanhas anuais reforçam cultura de segurança
Além das ações cotidianas, a IBL Logística realiza campanhas periódicas para reforçar a cultura de prevenção, como:
- Blitz da Segurança do Trabalho;
- Abril Verde (mês da saúde e segurança);
- Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (SIPAT);
- Ações especiais em 27 de julho, no Dia Nacional da Prevenção de Acidentes do Trabalho.
Essas iniciativas têm como foco o engajamento de todos os setores da empresa e a criação de um ambiente onde a segurança é responsabilidade compartilhada.
Papel estratégico da contabilidade na gestão de SST
Para o profissional contábil, compreender o impacto dos acidentes de trabalho é fundamental na elaboração de estratégias de compliance, planejamento tributário e redução de encargos previdenciários.
O acompanhamento do FAP, a correta emissão da CAT, o controle de afastamentos e o investimento em políticas de SST (Saúde e Segurança do Trabalho) podem influenciar diretamente os custos das empresas.
Além disso, a contabilidade tem papel relevante na prestação de informações aos órgãos de fiscalização, especialmente com a digitalização das obrigações acessórias, como o eSocial.
Caminhos para redução dos acidentes de trabalho no Brasil
Especialistas apontam que a redução dos acidentes de trabalho no Brasil depende de uma combinação de fatores, como:
- Fortalecimento da cultura organizacional de segurança;
- Investimento em formação continuada e treinamentos práticos;
- Fiscalização efetiva por parte dos órgãos competentes;
- Avaliação periódica dos riscos operacionais;
- Uso correto e obrigatório dos EPIs.
Segundo o MPT e a OIT, a prevenção ainda é a estratégia mais eficaz — e menos onerosa — para garantir a integridade física dos trabalhadores e a sustentabilidade das empresas.
Com informações Assessoria de Imprensa: Predicado Comunicação