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ISENÇÃO IRPF

lsenção do IR até R$ 5 mil pode injetar R$ 17 bi no consumo de bens e de serviços alterando rotina contábil

A renúncia fiscal estimada para 2026 chega a R$ 31,2 bilhões, redistribuindo renda e criando novos pontos de atenção para o planejamento tributário.

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Isenção de R$ 5 mil no IRPF deve alterar consumo e rotina contábil

lsenção do IR até R$ 5 mil pode injetar R$ 17 bi no consumo de bens e de serviços alterando rotina contábil

A proposta que eleva a faixa de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) para rendas de até R$ 5 mil mensais — prevista no Projeto de Lei nº 1.087/2025, já aprovado na Câmara dos Deputados e no Senado Federal — deve provocar um movimento imediato de aquecimento no varejo. Entretanto, o avanço da medida reacende discussões sobre seus efeitos estruturais, especialmente no equilíbrio fiscal e nos incentivos econômicos de longo prazo.

Projeções da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) apontam que a renúncia fiscal estimada em R$ 31,20 bilhões em 2026 terá impactos distintos na economia. Do total, 54,5% (R$ 16,98 bilhões) devem se transformar diretamente em consumo de bens e serviços. Outros 33,6% (R$ 10,47 bilhões) devem ser direcionados à regularização de dívidas, enquanto 12% (R$ 3,75 bilhões) devem ir para poupança ou consumo futuro.

Para o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, os efeitos positivos são inegáveis, mas não anulam a necessidade de olhar para os desafios que se acumulam no médio prazo.

Ele explica que ao ampliar a isenção para até R$ 5 mil, o governo coloca mais recursos nas mãos de cerca de 14 milhões de brasileiros e estimula setores essenciais, como alimentação e saúde. Porém, é preciso considerar as consequências estruturais da mudança.

O que muda na rotina fiscal das empresas e dos escritórios contábeis

Embora o impacto direto recaia sobre contribuintes pessoas físicas, a nova política deve influenciar decisões empresariais, especialmente na gestão de salários, encargos e política de remuneração. 

Especialistas alertam que a "armadilha da renda", criada pela transição abrupta acima dos R$ 5 mil, pode gerar dúvidas entre empregados e empregadores sobre horas extras, promoções e formalização — questões que tendem a chegar diretamente aos departamentos contábeis e de RH. 

Para os escritórios, cresce a demanda por esclarecimentos, simulações e revisão de estratégias de compliance tributário.

Quem ganha com a nova faixa de isenção

A mudança beneficia principalmente contribuintes das classes C, D e E, que deixarão de recolher o IRPF. Para um contribuinte com renda mensal de R$ 5 mil, a economia pode variar entre R$ 400 e R$ 500 ao mês, conforme as deduções da declaração anual.

O PL também cria uma faixa de transição: rendas entre R$ 5 mil e R$ 7.350 terão um desconto reduzido, funcionando como um amortecedor até a chegada à tributação plena.

Varejo de itens essenciais deve absorver a maior parte dos recursos

A CNC estima que o gasto adicional será direcionado sobretudo para setores que não dependem de crédito — reflexo de uma inadimplência que atinge 30% das famílias, o maior índice em 15 anos.

O incremento deve se dividir da seguinte forma:

  1. Hiper e supermercados: R$ 4,17 bilhões
  2. Combustíveis e lubrificantes: R$ 1,67 bilhão
  3. Farmácias e cosméticos: R$ 1,07 bilhão

Esses segmentos somam, juntos, quase 80% do impacto sobre o consumo de bens. Completam o cenário:

  1. Artigos de uso pessoal e doméstico: R$ 0,66 bilhão
  2. Vestuário e calçados: R$ 0,62 bilhão

Novas regras reacendem debate sobre tributação de altas rendas

Para compensar a renúncia, o projeto introduz duas mudanças relevantes:

  1. Tributação de lucros e dividendos a 10% para valores acima de R$ 50 mil anuais, rompendo a isenção em vigor desde 1996.
  2. Imposto de Renda da Pessoa Física Mínimo (IRPFM), garantindo que contribuintes com renda anual acima de R$ 600 mil paguem pelo menos 10% de imposto efetivo, independentemente de deduções.

A proposta enfrenta resistência por contrariar o modelo de integração adotado internacionalmente. Segundo a CNC, ao tributar dividendos sem compensação, o país repete a tributação sobre o mesmo lucro — já alcançado pelo IRPJ — e cria um custo adicional para o capital produtivo, reduzindo a competitividade brasileira.

“Armadilha da renda” pode incentivar informalidade

Um dos pontos mais sensíveis do texto está na faixa de transição. A partir dos R$ 5 mil, a alíquota marginal sobe de forma abrupta, criando o que especialistas chamam de armadilha da renda. Essa estrutura pode desencorajar:

  1. Horas extras,
  2. Promoções,
  3. Aumentos salariais.

Poderá, ainda, estimular a informalidade, já que o contribuinte pode tentar evitar saltos bruscos na tributação.

Segundo a CNC, esse tipo de distorção contraria o princípio de progressividade gradual, fundamental para um sistema tributário equilibrado.

Com informações adaptadas CNC

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