
Carlos Magno Soares de Campos
Prata DIVISÃO 1 , Contador(a)Completei no final do ano passado quarenta e quatro anos, apesar da idade me considero um jovem profissional da contabilidade, e apesar do pouco tempo atuando na profissão já constatei que nós contadores, ou melhor, nós como profissionais da contabilidade, aqueles que buscam exercer seu ofício respeitando todos os princípios, morais, éticos, contábeis, somos mais do que meros guarda livros. Uso este termo arcaico para enfatizar a minha indignação quanto ao tratamento que todos nós do ramo contábil recebemos dos governos nas três esferas, mas principalmente por parte do Governo Federal (RFB, INSS, MTE, CEF, etc). É notório que hoje somos mais do que meros contadores, prestadores de serviços contábeis, os quais a maioria dos cidadãos desconhecem o que somos e o que fazemos, isso é ridículo! Ridículo, pois além de trabalharmos respeitando infinitas regras, princípios, leis, decretos, normas, instruções normativas mutantes e tudo o mais que nos impõe diariamente para executarmos o serviço de qualidade, temos também outras obrigações, chamadas de acessórias, e eu as chamo de “SOPAM”, Serviços Obrigatórios Passíveis de Multas!! Isso mesmo, não tem nada de acessórias são na verdade punições severas sem levar em consideração que é a partir de nossos “erros” que os órgãos fiscalizadores detectam falhas e assim melhoram em muito seus sistemas integrados e com isso aumentam a arrecadação nos dois lados, tanto do contribuinte quanto do coitado do contador que é punido com multas, que por causa da intensa mudanças nas regras de tributação, contribuem também para o aumento da arrecadação.
Precisamos nos unir em torno de uma solução para esse inferno que é a vida do profissional contábil. Temos que exigir mais de nossos órgãos de classe, o CFC, os CRC's por exemplo.
Sabemos que quem dita as regras da contabilidade no Brasil é o Congresso Nacional, porém quem edita as infindáveis instruções normativas são os órgãos de fiscalização e arrecadação. Diariamente se mudam tais instruções e os nossos representantes de classe apenas “verificam” se está dentro dos princípios e pouco se importam quanto as ameaças de multas em caso de equívoco nas datas de entrega, informações e etc.
Sugiro que sejam extintas as multas por atraso da entrega das declarações acessórias, desde que sejam emitidas e ou retificadas dentro do exercício.
Precisamos de tempo hábil para a detectação, reconhecimento, retificação e acerto junto aos órgãos competentes, podendo ainda recorrer de tais situações.
Em resumo, de um lado um empresário mal informado quanto a importância dos serviços do contador e que paga o mínimo, e de outro os órgãos fiscalizadores que nos impõe além de um universo de regras, penalizações altas e imediatas.
Portanto, o contador hoje é um agente público terceirizado pelos órgãos de fiscalização e arrecadação dos governos, que presta serviços “paralelo” e que ainda corre um grande risco de ser multado por trabalhar de graça.
Carlos Magno Soares de Campos
Boa Vista / RR
"Você é aquilo que faz!"