De acordo com dados do Banco Central (BC) de maio deste ano e que foram divulgados nesta semana, a taxa média de juros paga pelo trabalhador que contratou o crédito consignado CLT foi de 55,59% ao ano em maio.
Os juros mais baixos registrados pela modalidade foram oferecidos pela Caixa Econômica, em 28,09% ao ano, contra os mais altos de bancos como Neon, com 97,62% ao ano e Valor S/A Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimento, com 122,19% ao ano. Os valores correspondem a cobranças feitas entre 13 e 20 de junho deste ano.
Enquanto aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pagam juros mais baixos em empréstimos consignados, trabalhadores da iniciativa privada enfrentam taxas que podem ultrapassar o dobro do valor, mesmo com garantias como o FGTS. A distorção entre as duas modalidades reacendeu o debate sobre os critérios aplicados pelas instituições financeiras e a urgência de fiscalização.
Diferença nos juros chama atenção
Em maio, segundo o Banco Central, a taxa média de juros do crédito consignado para trabalhadores com carteira assinada foi de 3,75% ao mês, mais que o dobro da aplicada aos beneficiários do INSS, que pagaram, em média, 1,83% ao mês. Isso significa que, dependendo do valor e do prazo da dívida, um funcionário da iniciativa privada pode acabar pagando muito mais do que um aposentado.
Mesmo após o lançamento do programa “Crédito do Trabalhador” — criado para reduzir o custo do consignado ao permitir o uso de até 10% do saldo do FGTS como garantia — os juros subiram, contrariando as expectativas do governo. Desde fevereiro, a taxa aumentou 14,73 pontos percentuais.
Bancos cobram até 122% ao ano
O levantamento feito pelo Poder360 revela uma ampla variação entre as instituições financeiras. Confira abaixo:
Caixa Econômica Federal
- Ao mês: 2,08%
- Ao ano: 28,09%
Banco Santander Brasil
- Ao mês: 2,40%
- Ao ano: 32,94%
Bradesco
- Ao mês: 2,70%
- Ao ano: 37,65%
Sicoob
- Ao mês: 2,92%
- Ao ano: 41,30%
Banco Safra
- Ao mês: 3,06%
- Ao ano: 43,55%
Banco Daycoval
- Ao mês: 3,13%
- Ao ano: 44,82%
Banco do Brasil
- Ao mês: 3,17%
- Ao ano: 45,41%
Itaú Unibanco
- Ao mês: 3,20%
- Ao ano: 45,98%
Nubank
- Ao mês: 3,23%
- Ao ano: 46,49%
BTG Pactual
- Ao mês: 3,55%
- Ao ano: 51,90%
Banco Inter
- Ao mês: 4,04%
- Ao ano: 60,79%
C6 Bank
- Ao mês: 4,26%
- Ao ano: 64,98%
Banco Pan
- Ao mês: 4,53%
- Ao ano: 70,13%
PicPay
- Ao mês: 4,89%
- Ao ano: 77,31%
Neon
- Ao mês: 5,84%
- Ao ano: 97,62%
Valor (Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimento)*
- Ao mês: 6,88%
- Ao ano: 122,19%
Programa de crédito perde força
Mesmo com aumento na concessão de empréstimos em março e abril — que saltaram de R$ 1,57 bilhão em fevereiro para R$ 5,6 bilhões em abril — os dados mostram recuo para R$ 3,09 bilhões em maio. O Ministério do Trabalho avalia que o programa está sendo usado para substituir dívidas mais caras, como o rotativo do cartão de crédito, mas admite preocupação com os juros elevados.
Governo promete reagir
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, declarou que não permitirá taxas “incompatíveis” com um programa que tem como base garantias como o FGTS e multa rescisória. O governo sinalizou que poderá intervir na regulamentação caso os bancos não ajustem suas práticas.
A disparidade nas taxas de juros entre aposentados e trabalhadores com carteira assinada no consignado mostra como o mesmo produto financeiro pode ter impactos bem diferentes dependendo do perfil do tomador. Para quem busca crédito, a recomendação é comparar bem antes de contratar e, se possível, buscar orientação profissional para evitar o endividamento excessivo.
Com informações Poder360 e Extra